Não, não me meti na droga

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Mas foi quase isso. É o seguinte, eu sou dadora de sangue, tudo bom. Já fiz umas duas dádivas e tudo correu muitíssimo bem. Então não é que hoje o meu organismo se decidiu armar em espertinho e complicar-me a vida? Primeiro foi o braço direito que estava com umas veias de merda  extremamente complicadas, que em 10 minutos deixaram sair a quantia espectacular de 50 ml. Depois vai de trocar de braço (mas não sem deixar ali uma bonita de uma negra no direito para aprender a não se armar em espertinho). E o esquerdo portou-se bem, que portou, consegui tirar os 400 ml no tempo esperado e voilá, dádiva feita. A partir daqui foi bonito. Logo que a mulher me tira a agulha, começo com uma sensação estranha a "infiltrar-se" em mim, de mau estar, muuito mau estar, sonolência (ou vontade imensa de fechar os olhos), imagens desfocadas, surdez (ou sensação de ter mil abelhas enfiadas em cada ouvido), e vai de ficar pálida, qual morto à 3 dias. A senhora (enfermeira faxavór) lá me deita, levanta-me as pernas, blablabla whiskas saquetas e passados uns minutinhos comecei a sentir-me novamente bem. E como não sou picuinhas, quando ela me perguntou, dali a pouco, se estava bem, eu respondi com a verdade "Perfeitamente". "Vamos lá levantar as costinhas para medir a tensão". Too bad. Logo que me levanto, enquanto ela me coloca o coisinho-medidor-de-tensão (?) no braço, a sensação de calor, surdez e sonolência começa de novo a apoderar-se de mim qual bicha fedorenta. Segue-se um misto de coisas das quais não me lembro com clareza, entre a enfermeira aos berros "Chamem o médico" e outras coisas mais que certamente toda a gente da sala (que mais parecia um Cabaret a esta altura) se lembra perfeitamente, à excepção de mim, que o que mais tinha vontade era de fechar os olhos e sair daquele filme. (Aparte: eu a pensar que isto de desmaiar só dava sonolência, calor e coisas que tal, mas não, a sensação de mau estar é tão grande que apetece mesmo é sair daquele filme. Drama!). Entretanto chegou o médico, que ficou a arregalar os olhos quando viu os valores da minha tensão arterial, mediu uma vez, olhou, mediu outra vez, voltou a olhar e, novamente, volta a medir, e foi então que decidiu pôr-me a soro (e vai mais uma pica, vale?). Uma hora passada e concluí que foi assim que se perdeu uma manhã no serviço de dadores de sangue com uma individualidade, que sou eu, a ocupar uma parte da sala comigo a desfalecer em vez de pessoas a doar sangue. Pelo meio ainda consegui fazer com que a senhora que estava ao meu lado se sentisse mal porque segundo ela o meu ar-de-morto e o facto de me estarem a picar em tudo o que era veia arruinou-a. Uma querida! E pronto, saí de lá bastante bonita com os braços corridos a pensos e uma sensação de saciedade tal que andei sem fome durante o dia todo (vou começar a alimentar-me a soro.. not!).